OMS alerta para avanço no mundo dos casos de tuberculose sem cura
Fabiane Leite
Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado ontem alerta que 45 países, entre eles o Brasil, registraram, desde 2002, pelo menos um caso de tuberculose XDR, uma forma gravíssima da doença respiratória que tem chances mínimas de cura por ser resistente à maior parte dos remédios - e que depois de estabelecida pode ser transmitida de pessoa para pessoa. O informe da organização não diz, no entanto, o número de casos reportados no País - o dado foi retirado de documento do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos. Veja a íntegra do relatório da OMSO Ministério da Saúde informou ontem, no entanto, não ter notícia de que o País já registrou a tuberculose XDR, sigla para Extensive Drug Resistant. “Estou surpreso”, afirmou Miguel Aiub Hijjar, do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, do Rio, responsável pelo acompanhamento da multirresistência no País. O relato pode ter sido feito em algum estudo independente, uma vez que o governo ainda irá iniciar um levantamento específico sobre o problema da tuberculose XDR. Para a doença ser classificada dessa forma, é preciso que seja resistente a tratamentos com as drogas rifampicina, isoniazida, antibióticos da classe das quinolonas, e a um medicamento injetável. A doença foi criada pelo próprio homem, que ao usar incorretamente remédios contra a tuberculose levou à criação de bactérias super-resistentes.Na África do Sul, por exemplo, onde o problema da XDR surgiu, a OMS contabilizou 996 casos deste tipo, segundo o último relatório.Em recente seminário para jornalistas promovido pelo Fundo Global de Combate à Tuberculose, iniciativa dos países mais ricos do mundo, Margareth Dalcomo, especialista do Hélio Fraga, explicou que o País já pode ter casos de XDR, mas não foram feitos todos os exames necessários para fechar o diagnóstico.O Brasil também está entre os países que têm casos de tuberculose multirresistente, em que a doença também não responde a drogas, mas a um número menor de remédios do que a forma XDR. Desde 1994, o País registrou 2.600 casos desse tipo da doença. A OMS alerta que o patamar atual de multirresistência no mundo é o mais alto já registrado.
O relatório da organização é baseado em dados coletados de 2002 a 2006, referentes a 90 mil pacientes de 81 países. A OMS estima que ocorra meio milhão de novos casos de tuberculose multirresistente por ano no mundo, o que equivale a 5% dos 9 milhões de novos casos da doença, de todos os tipos, registrados anualmente.No Brasil, que tem cerca de 80 mil casos novos de tuberculose ao ano e está no 16º lugar entre as 22 nações que concentram casos no mundo, o maior desafio atual não é a XDR, diz Hijjar, mas evitar as cerca de 5 mil mortes por ano. A esmagadora maioria dos óbitos é causada pela forma comum da doença, que tem cura. As mortes estão relacionadas principalmente ao diagnóstico tardio, à falta de tratamento supervisionado e dificuldades dos pacientes para cumprir as terapias, que exigem dedicação. Os remédios são ofertados pelo SUS.ALERTAO documento relata porcentuais de resistência a remédios de até 19% em novos casos, registrados na República da Moldávia, no Leste Europeu. “As taxas são as maiores já registradas desde o último relatório, do ano de 2004”, diz ainda o texto. “Se os países e as comunidades falharem no combate agressivo agora, nós perderemos esta batalha”, alertou Mario Raviglione, diretor do programa de combate à doença da OMS. “Os programas no mundo inteiro necessitam imediatamente melhorar o diagnóstico de todos os casos da doença e tratá-los até que sejam curados, que é a melhor maneira de evitar a resistência a drogas”, disse ainda o diretor em informe da OMS. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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