A CONSTRUÇÃO DO OBJETIVO


O tema central do mencionado artigo, sem tencionar esgotar o assunto, é a produção do conhecimento científico em educação. Seu objetivo é continuar uma trajetória de investigação e interrogação baseado em certas probabilidades da sucessão de estados do conhecimento em educação, analisando com atenção a construção do objeto. Essa análise e observação são realizadas a partir da discussão de elementos do exame sobre o processo de produção do conhecimento científico. A epistemologia educacional discute que o método científico para o conhecimento da realidade não começa, a rigor, do real em si, mas de um campo teórico definido. Esse entendimento significa uma forma totalmente contrária à forma tradicional de pensar o trajeto do conhecimento, especialmente na pesquisa em educação.

Palavras - chave: construção do objeto; produção do conhecimento/disciplina; epistemologia educacional.


Abstract
The central subject of the mentioned article, without intending to exhaust the subject, is the production of the scientific knowledge in education. Its objective is to continue a trajectory of inquiry and interrogation based on certain probabilities of the succession of states of the knowledge in education, analyzing with attention the construction of the object. This analysis and comment are carried through from the quarrel of elements of the examination on the process of production of the scientific knowledge. The educational epistemology argues that the scientific method for the knowledge of the reality does not start, the severity, of the Real in itself, but of a defined theoretical field. This agreement total means a contrary form to the traditional form to think the passage of the knowledge, especially in the research in education.

Key - Words: construction of the object; production of the knowledge/disciplines; educational epistemology.


1. Introdução
O tema central e geral do artigo é a pesquisa em educação. Seu objetivo é continuar uma trajetória de interrogação sobre os pressupostos do processo de conhecimento, examinando, agora, o significado do objeto de conhecimento para sua construção. Trata-se de um conceito e uma prática que estão em processo de construção e desenvolvimento dentro das ciências e do ensino das ciências, sendo estes, dois campos distintos nos quais a interdisciplinariedade se faz presente. Definir um objeto que está em construção, co-existindo com aquele que o estuda é uma tarefa difícil e até certo ponto parcial, uma vez que este objeto está se transformando e se alterando, assim, toda discussão sobre interdisciplinaridade é passível de análise comparativa com o material contemporâneo sobre o tema até que este esteja melhor desenvolvido e articulado, muito mais pela prática do que pela teoria, uma vez que a interdisciplinariedade esta acontecendo, e a partir disso, uma teria tem sido desenvolvida. Um estudo epistemológico é proveitoso para a delimitação do tema: Existem quatro palavras que são particularmente relacionadas entre si e todas delimitam uma abordagem cientifica e educacional: pluridisciplinaridade, multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. O que há em comum nestas palavras é a palavra disciplinaridade/disciplina, que deve ser entendida como aquelas "fatias" dos estudos científicos e das disciplinas escolares, tais como matemática, biologia, ciências naturais, historia, etc. e de um esforço em superar tudo o que está relacionado ao conceito de disciplina. Assim, interdisciplinaridade é parte de um movimento que busca a superação da disciplinaridade.

2. A investigação do conhecimento
O processo de investigação, como toda ação humana, traz subentendidos múltiplos pressupostos – sentidos que, tomados como pontos de partida, tendem a permanecer inquestionados. Por um lado, estes pressupostos se apresentam como a própria condição de possibilidade da ação, prática ou teórica; por outro, todavia, toda reflexão permanece superficial se não se estabelece, igualmente, como crítica de suas próprias bases de sustentação.
Desde o século XV a ciência passou por uma grande mudança em toda a sua estrutura, o que resultou numa explosão de novos conhecimentos, novas práticas e técnicas de pesquisa, isso tem início com o renascimento e com a perda, por parte da igreja, do poder que exercia sobre o homem e a sociedade. Pesquisas até então condenadas e censuradas começavam a ser feitas, por exemplo pesquisa da anatomia humana através da dissecação de cadáveres.
No caso específico do trabalho de pesquisa em educação, no entanto, é bastante corrente a ideia de que, não podendo ser exaustiva e radicalmente criticados, esses pressupostos que permitem a atividade de compreensão do real não devem estar sujeitos a questionamentos, ou não necessitam de explicitação. São tomados, assim, como definições acabadas, já inteiramente consolidadas, que obedecem a formulações canonicamente definidas pelo processo moderno de produção do conhecimento científico. Partindo deste entendimento, os investimentos elucidativos sobre a prática de pesquisa acabam por se restringir à escolha a ser realizada, no interior de um cardápio pronto de opções, por uma forma de conceber o sujeito, o objeto, o quadro teórico, a metodologia.

3. A prática da investigação do conhecimento
A inquietação com a explicação científica do fenômeno educativo tem dado origem a diferentes projetos investigativos que nascem no seio de perspectivas epistemológicas distintas. Alguns projetos investigativos partem do entendimento de que o real só passa a ter sentido quando ele se torna real de pensamento, isto é, real de razão, real submetido a todo um tratamento abstrato, conceitual. Tal perspectiva epistemológica está fundada no argumento de que os sentidos e a experiência podem conduzir ao erro, não tendo, portanto, condições de assegurar o conhecimento da realidade. Nessa lógica, que afirma a fragilidade dos sentidos para produzir informações universais sobre o real, o pensamento, entendido como racionalidade explicativa e, não como racionalidade significativa, própria do campo da filosofia, aparece como única possibilidade de dar conta da realidade, pois essa pode ser pensada como um conceito, como uma construção ideal, não no sentido de uma construção utópica, mas no sentido de uma construção da idéia que afasta a descrição das qualidades do real para falar do real em sua singularidade universal. A possibilidade de tal argumento está no entendimento de que a razão não precisa de provas empíricas, provas da experiência para assegurar a validade explicativa do discurso sobre a vida, o mundo e o homem. A razão garante o conhecimento sobre o real, pois protege o conhecimento dos equívocos da experiência, do engano dos sentidos. Para outras correntes investigativas, diferentemente da idéia da apreensão racional da realidade sensível, o próprio real dá o seu sentido, ele mostra o que é, sem auxílio da razão entendida como condição fundamental para a construção racional da explicação sobre o mundo real. Nessa perspectiva, a experiência é o caminho adequado para corrigir os sentidos, aperfeiçoando-os para revelar a verdade. Entende-se como fundamental a abolição dos argumentos abstratos, próprios da argumentação dedutiva. O caminho para o conhecimento do real é o trajeto indutivo, ou seja, a busca da generalização com o apoio da empiria, da experiência. Nessa lógica, a experiência é fonte legítima para o conhecimento da verdade. A consciência cognoscente busca seus conteúdos, exclusivamente, na experiência. Todos os conceitos, incluindo os mais gerais e abstratos, procedem da experiência. A explicação do real começa “.... por percepções concretas, chegando, paulatinamente, a formar representações gerais e conceitos elaborados organicamente, a partir da experiência, não existindo completos no espírito e não se formando com total independência da experiência...”. (Leite et al, 2004: 1326).
Embora o termo disciplina seja empregado para mencionar tanto as frações do conhecimento científico, como frações dos estudos escolares, e em muitos casos tenham os mesmos nomes, tais como história, matemática, química, física, etc. As ligações entre umas e outras esta somente nisso. Não há relação direta entre uma disciplina científica e uma disciplina escolar com mesmo nome, o que se dá é que remotamente o objeto de estudo de uma e outra disciplina é o mesmo, porém a disciplina escolar não apresenta todos os conhecimentos da disciplina científica, por vezes até foge um pouco desses conhecimentos. Isso se dá porque as funções de uma e outra disciplina são diferentes. É importante observar que as disciplinas escolares tomam muito daquilo que é produzido pelas disciplinas científicas e reveste esses conhecimentos de funções didáticas que tem a função de levar os alunos a conhecerem, mesmo que minimamente, o que é produzido pelo homem em termos de conhecimento e estudos.
A interdisciplinaridade surge como proposta para a realização do movimento inverso, partir do micro e retornar ao todo. Com isso, com a aplicação da interdisciplinaridade na ciência, surgem novas disciplinas agregadoras, que unem áreas especificas do conhecimento a fim de compreender fenômenos que seriam incompreensíveis com o conhecimento de apenas uma área. Com a ampliação da aplicação da interdisciplinaridade na ciência, tem se desenvolvido novas práticas de pesquisa, muitas disciplinas que até então eram consideradas incomunicáveis, considerada a distância entre seus objetos de estudo, estão sendo reunidas para dar respostas a novos problemas de pesquisa e a questões que uma única disciplina não é capaz de responder.

4. A aplicação do conhecimento na educação
A interdisciplinaridade está presente na educação desde que começou a ser aplicada na ciência. Sua função é superar a fragmentação do conhecimento, a falta de uma relação deste com a realidade do aluno e a fragmentação do conhecimento escolar, visto que, alegoricamente falando, a mente do aluno é parecida com um armário arquivo, sobretudo a partir do terceiro ciclo, quando professores diferentes ministram as disciplinas diferentes, entra o professor de matemática, abre-se o arquivo, retira-se o material desta disciplina. Entrando o professor de história, guarda o material de matemática, e assim sucessivamente, como se uma disciplina não tivesse relação nenhuma com a outra, e pior do que isso, ao sair da escola, o aluno guarda todo o material do arquivo utilizado na escola e pega a pasta "realidade", uma vez que todas as demais não tem relação nenhuma com esta última.           

ROSEMBERGUE GUIMARÃES

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